segunda-feira, 11 de julho de 2016

Apaixonados por cerveja, engenheiros decidem produzir por conta própria

Diferente da cerveja industrializada, caracterizada pela adição de ingredientes como o milho, de produtos não maltados e nem derivados da cevada, que deixam a bebida mais leve e refrescante, o mercado de cerveja artesanal cresce em ritmo acelerado no Brasil. Isso é facilmente comprovando quando vamos a empórios e a supermercados e encontramos uma vasta opção de novas marcas e rótulos até então desconhecidos. A facilidade de se fabricar e um mercado ávido por novidades contribuíram para criaram um segmento que, até então, no Brasil, era dominado por grandes grupos industriais.

Porém, isso também levou a uma forma ainda mais simples de fazer cerveja, produzindo de maneira caseira e utilizando apenas os ingredientes corretos que caracterizam a verdadeira cerveja, ou seja, água, malte de cevada, lúpulo e fermento.

Engenheiro por formação, músico por hobby e apaixonado por cerveja, Renato Canale, recentemente, decidiu desenvolver de maneira independente sua própria produção artesanal, em um cômodo no funda da casa de sua mãe.

“Não tenho nada contra a cerveja industrializada, mas hoje essas marcas são fabricadas à base de milho e cereais não maltados para acelerar o processo e diminuir o custo de produção”, afirmou o cervejeiro. “Comecei de uma maneira bem simples, apenas pela curiosidade de experimentar a própria criação. Como moro em apartamento, uso a casa da minha mãe, onde há mais espaço”.

Com uma aparelhagem modesta e de baixo custo, como panelas, baldes, fogão e geladeira, Canale conta ainda com a ajuda de um amigo que se aliou ao projeto de produção caseira que vem acontecendo frequentemente.

João Paulo Erlo é seu vizinho, também é engenheiro e apaixonado por cerveja. Ele informa que a diversão é produzir estilos variados e sempre diferentes da tradicional Pilsen. “Já fizemos vários tipos de cerveja. Definimos o estilo durante a semana, compramos os insumos necessários e, no sábado, partimos para a fabricação”, conta.

Juntos, nessa micro-cervejaria adaptada, com capacidade para se produzir cerca de 40 litros por mês, a dupla já realizou três brassagens (o termo brassar se refere ao ato de se fazer cerveja, derivado do francês, brasserie, que quer dizer lugar onde se faz e bebe cerveja).

“Notamos que temos uma paixão em comum pelas cervejas artesanais e fabricá-la no estilo desejado é algo muito prazeroso. Tanto que já fizemos Stout, IPA e estamos aguardando a fermentação de uma Weiss”, afirma Erlo, ao lembrar-se dos tipos já produzidos.

Apesar de simples, o processo de fabricação leva algum tempo. Inicia-se moendo o malte, cozinhando o mosto e separar o bagaço. Em seguida, ferver, resfriar e fermentar o caldo, tempo esse que pode levar 30 dias até chegar o momento mais aguardado, que é o de engarrafar.

“Como em todo ritual, essa é a ocasião mais aguardada por todo fabricante caseiro. Mas, enquanto esperamos o tempo da fermentação, envasamos em garrafas a cerveja produzida nas semanas anteriores”, conta o cervejeiro.

Nem é preciso dizer que a parte mais prazerosa é a hora de beber. “Sem dúvida, e por motivos óbvios, a degustação é o ápice desse período de espera. Só que até chegar lá temos um longo caminho para que isso aconteça, mas o prazer de aguardar  o momento é indescritível quando saboreamos algo que nós mesmos produzimos”, conta diz Erlo.

Em suas primeiras brassagens, Canale conta que produzia apenas a Lager, mas, com o domínio do processo, começou a pensar em receitas mais elaboradas, personalizando a cervejas com sua cara e paladar.


“Mesmo voltado para o próprio consumo, é muito bom presentear amigos com algo exclusivo. Quando servimos para alguém que não conhece, ficam curiosos para experimentar e isso também é bastante satisfatório”, completa.

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