Diferente
da cerveja industrializada, caracterizada pela adição de ingredientes como o
milho, de produtos não maltados e nem derivados da cevada, que deixam a bebida
mais leve e refrescante, o mercado de cerveja artesanal cresce em ritmo
acelerado no Brasil. Isso é facilmente comprovando quando vamos a empórios e a
supermercados e encontramos uma vasta opção de novas marcas e rótulos até então
desconhecidos. A facilidade de se fabricar e um mercado ávido por novidades
contribuíram para criaram um segmento que, até então, no Brasil, era dominado
por grandes grupos industriais.
Porém,
isso também levou a uma forma ainda mais simples de fazer cerveja, produzindo
de maneira caseira e utilizando apenas os ingredientes corretos que
caracterizam a verdadeira cerveja, ou seja, água, malte de cevada, lúpulo e
fermento.
Engenheiro
por formação, músico por hobby e apaixonado por cerveja, Renato Canale,
recentemente, decidiu desenvolver de maneira independente sua própria produção
artesanal, em um cômodo no funda da casa de sua mãe.
“Não
tenho nada contra a cerveja industrializada, mas hoje essas marcas são
fabricadas à base de milho e cereais não maltados para acelerar o processo e
diminuir o custo de produção”, afirmou o cervejeiro. “Comecei de uma maneira
bem simples, apenas pela curiosidade de experimentar a própria criação. Como
moro em apartamento, uso a casa da minha mãe, onde há mais espaço”.
Com
uma aparelhagem modesta e de baixo custo, como panelas, baldes, fogão e
geladeira, Canale conta ainda com a ajuda de um amigo que se aliou ao projeto
de produção caseira que vem acontecendo frequentemente.
João
Paulo Erlo é seu vizinho, também é engenheiro e apaixonado por cerveja. Ele
informa que a diversão é produzir estilos variados e sempre diferentes da
tradicional Pilsen. “Já fizemos vários tipos de cerveja. Definimos o estilo
durante a semana, compramos os insumos necessários e, no sábado, partimos para
a fabricação”, conta.
Juntos,
nessa micro-cervejaria adaptada, com capacidade para se produzir cerca de 40
litros por mês, a dupla já realizou três brassagens (o termo brassar se refere
ao ato de se fazer cerveja, derivado do francês, brasserie, que quer dizer
lugar onde se faz e bebe cerveja).
“Notamos
que temos uma paixão em comum pelas cervejas artesanais e fabricá-la no estilo
desejado é algo muito prazeroso. Tanto que já fizemos Stout, IPA e estamos
aguardando a fermentação de uma Weiss”, afirma Erlo, ao lembrar-se dos tipos já
produzidos.
Apesar
de simples, o processo de fabricação leva algum tempo. Inicia-se moendo o
malte, cozinhando o mosto e separar o bagaço. Em seguida, ferver, resfriar e
fermentar o caldo, tempo esse que pode levar 30 dias até chegar o momento mais
aguardado, que é o de engarrafar.
“Como
em todo ritual, essa é a ocasião mais aguardada por todo fabricante caseiro.
Mas, enquanto esperamos o tempo da fermentação, envasamos em garrafas a cerveja
produzida nas semanas anteriores”, conta o cervejeiro.
Nem
é preciso dizer que a parte mais prazerosa é a hora de beber. “Sem dúvida,
e por motivos óbvios, a degustação é o ápice desse período de espera. Só que
até chegar lá temos um longo caminho para que isso aconteça, mas o prazer de
aguardar o momento é indescritível quando saboreamos algo que nós mesmos
produzimos”, conta diz Erlo.
Em
suas primeiras brassagens, Canale conta que produzia apenas a Lager, mas, com o
domínio do processo, começou a pensar em receitas mais elaboradas,
personalizando a cervejas com sua cara e paladar.
“Mesmo
voltado para o próprio consumo, é muito bom presentear amigos com algo
exclusivo. Quando servimos para alguém que não conhece, ficam curiosos para
experimentar e isso também é bastante satisfatório”, completa.
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