terça-feira, 26 de abril de 2016

Cuspo e escarro

O ano era 1991, mas parece que foi ontem. O impeachment era algo ainda não evidente, mas seria iminente. Foi como um clássico entre Palmeiras e Corinthians, válido pelo Campeonato Paulista daquela temporada, vencida pelo verdão, como quase sempre, em que o jogador Neto (Corinthians), após ser expulso devido a uma falta violenta em Cesar Sampaio (Palmeiras), disparou uma cusparada contra o juiz.

O ato polêmico do jogador corinthiano lhe rendeu uma suspensão das atividades profissionais e o fim de uma breve passagem pela Seleção Brasileira, além de conduzi-lo a um melancólico fim de carreira como futebolista. Fora isso, não teve consequências maiores, mas o surpreendente fato de ter cuspindo no rosto do árbitro provocou reações tão ou mais exacerbadas quanto as atuais cusparadas têm gerado nas redes sociais, que não existiam naquela época.

Quem se propôs a ler esse breve histórico deve estar se perguntando: o que, afinal, ele quer dizer com isso? Bem, para ser sincero, quase nada, a não ser a lembrança de que na época vivíamos os mesmos discursos moralistas de hoje. Ou seja, o futebol pouco mudou e o homem muito menos. Portanto, não seriam os preceitos morais que iriam evoluir, mesmo entendendo que esses valores são mutáveis e determinados por períodos.

Não que cuspir na cara do juiz um dia esteve na moda, mas é a moral que estabelece a hierarquia dos valores que seguimos. Portanto, torço para que o juiz que comanda a operação Lava-Jato não nos faça acreditar que cuspir na cara de um juiz seja algo aceitável, mesmo ele já tendo escarrado na justiça do nosso país.

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