quarta-feira, 2 de julho de 2025

Médico produz cerveja como terapia

Cirurgião Perci Bertolini diz que cuida da alma fazendo e bebendo cerveja

A leitura de uma reportagem sobre cervejas artesanais despertou o interesse do cirurgião Perci Bertolini em explorar o processo de produção, os diferentes estilos e sabores da bebida, e até mesmo a possibilidade de criar suas próprias receitas.

A curiosidade foi crescendo e sendo alimentada por outras matérias e informações sobre o assunto até o momento em que decidiu fazer um curso, comprar o equipamento necessário e produzir sua primeira receita dentro do seu próprio apartamento.

E assim a história se repetiu por mais cinco vezes no espaço da cozinha. “Minha primeira receita foi uma APA (American Pale Ale, estilo de cerveja que se originou nos Estados Unidos) e isso aconteceu em 2019”, lembrou o médico especialista em cirurgia de cabeça e pescoço.

Bissurda é o nome da caçula entre as cervejas piracicabanas

Após um segundo curso, conheceu um amigo que virou seu sócio e resolveram empreender e profissionalizar o pequeno negócio. “Alugamos um barracão, compramos uma panela de 120 litros, um fermentador de 250 litros e começamos a produzir e um a escala maior”, contou informando que ainda está no processo de transição de hobby para a profissionalização, que deve acontecer de forma gradual.

Apesar de sempre ter de jogar futebol nos finais de semana, o doutor Perci foi percebendo que, ao envelhecer, a pratica futebolística vai gerando mais lesões e o físico já não ajudava muito, assim o assunto cervejeiro foi ocupando um espaço cada vez maior na agenda.

Hoje batizada de CervejaBissurda, o hobby passou a ser coisa séria. “Hobbies são essenciais para a vida de qualquer pessoa. O exercício de paixões totalmente desvinculadas da sua profissão traz saúde e bem-estar, além de gerar benefícios para a produtividade cotidiana”, diagnosticou.

O nome Bissurda vem de absurdo

Como os custos aumentaram, o barracão teve que ser devolvido e as brasagens passaram a ser ciganas, método de fazer cerveja para quem não possui a própria fábrica, utilizando a estrutura de outra cervejaria para produzir suas receitas.

“É um modelo de negócio que permite aos cervejeiros iniciantes, ou com menor capacidade de investimento, entrar no mercado sem a necessidade de altos custos iniciais com infraestrutura”, sugeriu Perci.

A produção atual é de 650 litros a cada dois meses e, a partir desse ano, o investimento tem sido em tempo na cervejaria, mas temos planos de expandir o negócio. Atualmente, a Bissurda mantém em seu receituário sete estilos já produzimos, sendo eles Pilsen, APA, Cold IPA, Vienna, Kölsch e Porter.

Os primeiros lotes eram enlatados

Dois deles já possuem rótulos: a estreante Kölsch, que possui a ilustração do Engenho Central, e a Cabulosa, uma Cold IPA, que tem a imagem do prédio da antiga Pinacoteca. Outros ícones da cidade como o Engenho Central, as pontes Pênsil e Estaiada, o Rio Piracicaba a capivara, os bonecos do Elias, o XV, o Salão de Humor e o chapelão dos calouros da Esalq também deverão serem usados nas legendas das próximas etiquetas.

Sobre o nome Bissurda, que vem do adjetivo absurdo, é usado na marca da cerveja como "gíria", ou seja, vindo de uma linguagem informal, portanto significando algo como fora do comum ou inesperado.

“Estampamos no rótulo da Bissurda algumas informações e indicamos que a pessoa beba menos, mas que beba melhor e, de preferência, bebidas locais. A cerveja artesanal não é para se beber muito, mas sim para apreciar, já que tudo na vida em excesso faz mal. Já o exercício de fazer cerveja, para mim, é como uma meditação e ajuda a me conhecer melhor. Costumo dizer que cuida da alma quem faz e quem bebe cerveja”, finalizou.