A cidade mais caipira do Brasil vive um
momento histórico e único com o tombamento do dialeto e sotaque
caipiracicabanos, um ato de reconhecimento aos valores culturais de Piracicaba, que os
transformam em patrimônios imateriais do município.
O pedido de registro do dialeto e sotaque caipiracicabanos como patrimônios imateriais partiu do ICEN – Instituto
Cecílio Elias Netto, juntamente com outras três entidades – o Instituto
Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), a Associação Piracicabana de
Artistas Plásticos (APAP) e a Academia Piracicabana de Letras (APL) –, requereu
junto ao CODEPAC – Conselho de Defesa de Patrimônio Cultural o
seu devido reconhecimento.
Oficializado como Livro-Símbolo da
cidade, o ‘Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva’, de
Cecílio Elias Netto, serviu como documento comprobatório e foi peça-chave para
o referido registro, um reconhecimento mais que justo, levando-se em
consideração que o sotaque é fundamental para a identidade de um povo.
Igualmente como cariocas, gaúchos, mineiros
e nordestinos, facilmente identificados através de seu sotaque, o mesmo acontece
no estado de São Paulo, mas é Piracicaba que ficou mais famosa por guardar esse
tesouro linguístico.
O “falar caipira” sofre muita
variação de região para região, mas possui fortes raízes na cidade de
Piracicaba, onde o ‘erre’ é muito mais puxado. Além de uma identidade, o
dialeto caipiracicabano é visto e reconhecido pelas autoridades locais como um
patrimônio público, uma verdadeira grife.
Para comemorar o feito, foi lançada a
sexta edição do Dicionário. Essa
nova edição da publicação presta homenagem a José Ferraz de Almeida Jr., a quem
o autor intitula como primeiro ‘caipira’ da história. “Muito antes de Monteiro
Lobato, de Cornélio Pires, de Amadeu Amaral e Thales de Andrade, foi Almeida
Júnior quem enxergou, sentiu e entendeu a alma caipira como um privilégio
especialíssimo”, afirma Cecílio Elias Netto.
“Não haveria o caipiracicabano, sem, antes,
o caipira de Almeida Júnior, que foi quem descortinou o valor do caipirismo”, completou.
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