quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Sotaque piracicabano vira patrimônio imaterial

A cidade mais caipira do Brasil vive um momento histórico e único com o tombamento do dialeto e sotaque caipiracicabanos, um ato de reconhecimento aos valores culturais de Piracicaba, que os transformam em patrimônios imateriais do município.

O pedido de registro do dialeto e sotaque caipiracicabanos como patrimônios imateriais partiu do ICEN – Instituto Cecílio Elias Netto, juntamente com outras três entidades – o Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), a Associação Piracicabana de Artistas Plásticos (APAP) e a Academia Piracicabana de Letras (APL) –, requereu junto ao CODEPAC – Conselho de Defesa de Patrimônio Cultural o seu devido reconhecimento.

Oficializado como Livro-Símbolo da cidade, o ‘Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva’, de Cecílio Elias Netto, serviu como documento comprobatório e foi peça-chave para o referido registro, um reconhecimento mais que justo, levando-se em consideração que o sotaque é fundamental para a identidade de um povo.

Igualmente como cariocas, gaúchos, mineiros e nordestinos, facilmente identificados através de seu sotaque, o mesmo acontece no estado de São Paulo, mas é Piracicaba que ficou mais famosa por guardar esse tesouro linguístico.

O “falar caipira” sofre muita variação de região para região, mas possui fortes raízes na cidade de Piracicaba, onde o ‘erre’ é muito mais puxado. Além de uma identidade, o dialeto caipiracicabano é visto e reconhecido pelas autoridades locais como um patrimônio público, uma verdadeira grife.

Para comemorar o feito, foi lançada a sexta edição do Dicionário. Essa nova edição da publicação presta homenagem a José Ferraz de Almeida Jr., a quem o autor intitula como primeiro ‘caipira’ da história. “Muito antes de Monteiro Lobato, de Cornélio Pires, de Amadeu Amaral e Thales de Andrade, foi Almeida Júnior quem enxergou, sentiu e entendeu a alma caipira como um privilégio especialíssimo”, afirma Cecílio Elias Netto.


“Não haveria o caipiracicabano, sem, antes, o caipira de Almeida Júnior, que foi quem descortinou o valor do caipirismo”, completou.

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