Ricardo Soares demonstra pleno domínio da técnica pictórica ao explorar contrastes de luz e sombra, sugerindo o ambiente noturno e conferindo profundidade emocional à composição. O trompetista não é apenas um personagem retratado, mas um símbolo da arte que resiste e se manifesta nos espaços públicos, dialogando com a cidade e seus transeuntes. A escolha cromática e o tratamento da matéria pictórica reforçam a sensação de introspecção e melancolia, convidando o observador a uma experiência contemplativa.
A obra também reflete a formação acadêmica do artista, que é professor de Belas Artes, perceptível na construção equilibrada da cena e na consciência histórica da pintura figurativa contemporânea. Ao mesmo tempo, O Trompetista da Noite carrega a espontaneidade e o olhar crítico característicos de quem transita com naturalidade entre as artes plásticas e o humor gráfico, campo no qual Soares também se destaca.
Reconhecido e premiado em diversos salões de artes plásticas pelo Brasil, tanto acadêmicos quanto contemporâneos, Ricardo Soares consolida nesta obra uma síntese de sua trajetória artística. Sua participação e premiações no tradicional Salão de Humor de Piracicaba reforçam a versatilidade de sua produção e a capacidade de dialogar com diferentes linguagens sem perder identidade.
Assim, O Trompetista da Noite se afirma como uma obra de relevância estética e conceitual, que ultrapassa o registro de uma cena urbana para se tornar uma reflexão visual sobre a presença da arte no cotidiano, a musicalidade da vida noturna e a sensibilidade do olhar artístico diante do efêmero.

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