segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Da caricatura ao acadêmico, o Trompetista de Ricardo Soares

A obra O Trompetista da Noite, do pintor, desenhista e cartunista Ricardo Soares, apresenta-se como um exercício sensível de observação urbana e tradução poética do cotidiano. Executada em óleo sobre tela, a pintura tem como ponto de partida a figura de um músico que tocava trompete na Praça Benedito Calixto, espaço emblemático de convivência cultural e artística. A partir dessa cena aparentemente simples, o artista constrói uma narrativa visual carregada de atmosfera, silêncio e musicalidade.

Ricardo Soares demonstra pleno domínio da técnica pictórica ao explorar contrastes de luz e sombra, sugerindo o ambiente noturno e conferindo profundidade emocional à composição. O trompetista não é apenas um personagem retratado, mas um símbolo da arte que resiste e se manifesta nos espaços públicos, dialogando com a cidade e seus transeuntes. A escolha cromática e o tratamento da matéria pictórica reforçam a sensação de introspecção e melancolia, convidando o observador a uma experiência contemplativa.

A obra também reflete a formação acadêmica do artista, que é professor de Belas Artes, perceptível na construção equilibrada da cena e na consciência histórica da pintura figurativa contemporânea. Ao mesmo tempo, O Trompetista da Noite carrega a espontaneidade e o olhar crítico característicos de quem transita com naturalidade entre as artes plásticas e o humor gráfico, campo no qual Soares também se destaca.

Reconhecido e premiado em diversos salões de artes plásticas pelo Brasil, tanto acadêmicos quanto contemporâneos, Ricardo Soares consolida nesta obra uma síntese de sua trajetória artística. Sua participação e premiações no tradicional Salão de Humor de Piracicaba reforçam a versatilidade de sua produção e a capacidade de dialogar com diferentes linguagens sem perder identidade.

Assim, O Trompetista da Noite se afirma como uma obra de relevância estética e conceitual, que ultrapassa o registro de uma cena urbana para se tornar uma reflexão visual sobre a presença da arte no cotidiano, a musicalidade da vida noturna e a sensibilidade do olhar artístico diante do efêmero.

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